Você está participando de um curso sobre o livro O sentimento de si: corpo, emoção e consciência, de autoria
do neurocientista António Damásio. Uma das avaliações do curso consiste na produção de um texto de
divulgação científica a ser publicado em um blog do curso. O objetivo do seu texto será o de divulgar as ideias
do autor para um público mais amplo, especialmente para alunos do ensino médio. Você deverá escrever o seu
texto sobre o tema da indução das emoções, baseado no excerto abaixo, incluindo:
a) uma explicação sobre indutores de emoção com exemplos do próprio texto;
b) uma breve narrativa que exemplifique processos de indução de emoções;
c) uma finalização baseada no fechamento do texto original.
Lembre-se de que o texto de divulgação científica deverá ter um título adequado aos conteúdos tratados.
O induzir das emoções
As emoções acontecem em dois tipos de
circunstâncias. O primeiro tipo de circunstâncias
tem lugar quando o organismo processa
determinados objetos ou situações através de um
dos seus dispositivos sensoriais, por exemplo,
quando o organismo avista um rosto ou um local
familiar. O segundo tipo de circunstâncias tem lugar
quando a mente de um organismo recorda certos
objetos e situações e os representa, como imagens,
no processo do pensamento, por exemplo, a
recordação do rosto de uma amiga ou o fato de
esta ter acabado de falecer.
Um fato que se torna óbvio ao considerarmos as
emoções é que certas espécies de objetos ou
acontecimentos tendem a estar mais
sistematicamente ligadas a determinado tipo de
emoção que a outros. As classes de estímulos que
provocam alegria, medo ou tristeza tendem a fazê-
lo de forma consistente no mesmo indivíduo e em
indivíduos que compartilham os mesmos
antecedentes culturais. Apesar de todas as
possíveis variações na expressão de uma emoção,
e apesar do fato de podermos ter emoções mistas,
existe uma correspondência aproximada entre
classes de indutores de emoção e o resultante
estado emocional. Ao longo da evolução, os
organismos adquiriram os meios para responder a
determinados estímulos – sobretudo aos que são
potencialmente úteis ou perigosos sob o ponto de
vista da sobrevivência – através de um conjunto de
respostas a que chamamos emoção.
Também é importante notar que enquanto o
mecanismo biológico das emoções é largamente
predeterminado, os indutores de emoção são
externos e não fazem parte desse mecanismo. Os
estímulos que causam a emoção não se
encontram, de modo algum, confinados aos que
ajudaram a formar nosso cérebro emocional ao
longo da evolução e que podem induzir emoção
desde os primeiros dias de vida. À medida que se
desenvolvem e interagem, os organismos ganham
experiência factual e emocional com diversos
objetos e situações do ambiente, tendo assim uma
oportunidade de associar muitos objetos e
situações que poderiam ter permanecido
emocionalmente neutros, com os objetos e as
situações que causam emoções naturalmente. A
forma de aprendizagem conhecida por
condicionamento é uma das maneiras de obter esta
associação. Uma casa parecida com a que o leitor
viveu uma infância feliz pode fazê-lo sentir-se feliz,
embora nada de especialmente bom ainda se tenha
passado na casa. Do mesmo modo, o rosto de uma
belíssima desconhecida, que se assemelha ao de
uma pessoa ligada a um acontecimento terrível,
pode causar-lhe desconforto ou irritação. Pode até
nunca chegar a perceber por quê.
A consequência de concedermos um valor
emocional aos objetos que não estavam
biologicamente destinados a receber essa carga
emocional é tornar infinita a lista de estímulos que,
potencialmente, podem induzir emoções. De uma
forma ou de outra, a maior parte dos objetos e das
situações conduzem a alguma reação emocional,
embora uns em maior escala que outros. A reação
emocional pode ser fraca ou forte – e, felizmente
para nós, é fraca na maior parte das vezes – mas
mesmo assim está sempre presente. A emoção e o
mecanismo biológico que lhe é subjacente são os
companheiros obrigatórios do comportamento,
consciente ou não. Um certo grau de emoção
acompanha, forçosamente, o pensamento sobre
nós mesmos ou sobre o que nos rodeia.
(Adaptado de António Damásio, O sentimento de si: corpo, emoção e consciência. Lisboa: Círculo de Leitores, 2013, p.79-81.)
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